ENVELHECER COM SAÚDE

Dr. Daniel Vicente Gonzaga
FISIOTERAPEUTA

"...Após os 30 anos, o corpo humano tende a perder 10% da massa muscular a cada década, e a única forma de evitar isso é fazer uso constante dos músculos..."

Certa vez um aluno me perguntou o porquê quando envelhecemos ficamos flácidos, com problemas na coluna, com dores, doenças, etc. Respondi-lhe que só ficamos assim se o permitirmos, ou seja, se cuidarmos corretamente de nossa saúde ao longo de nossa vida, quando chegarmos à idade avançada ainda teremos saúde em modo geral.
Há algumas gerações atrás, a expectativa de vida era bem menor do que hoje, porém com os avanços da medicina e das tecnologias, se elevam consideravelmente as expectativas de vida nos dias atuais. Envelhecer é o destino natural de qualquer um, o diferencial, no entanto, é chegar a essa fase da vida com sabedoria e saúde, e o mais importante, de bem com a vida. É um processo contínuo que se inicia ao nascermos. O modo como cada pessoa age, os hábitos de vida que adquire e os cuidados que tem consigo serão decisivos para uma velhice saudável ou penosa.
O que torna esse processo um fardo para muitos é o medo das limitações impostas pelas perdas naturais do organismo. De fato, quanto mais vivemos, maiores desgastes impõem às nossas estruturas orgânicas.
Estudos mostram que entre 25 e 30 anos de idade essas mudanças corporais se iniciam lentamente, e caso o indivíduo não viva de maneira saudável, pode acelerar o processo de envelhecimento. A partir dessa fase, todos os sistemas orgânicos passam por modificações naturais, como a perda progressiva da quantidade de elastina e de colágeno da pele (perde elasticidade e hidratação), tornando-a mais fina e sensível às agressões ambientais. A massa muscular e os ossos diminuem (causando dores e fraquezas), enquanto a gordura corporal aumenta. Os sentidos antes aguçados agora precisam de artefatos (óculos, aparelhos para perda auditiva etc.).
As áreas mais afetadas dependem de como a pessoa viveu ao longo do tempo. A pele mais envelhecida e com manchas, significam que não usaram filtro solar; Doença pulmonar e cardíaca nos tabagistas; Colesterol alto, hipertensão e diabetes naqueles que não adotaram hábitos alimentares saudáveis; Dificuldades para andar, problemas vasculares e cardíacos nos obesos e sedentários.
Estudos realizados pela McMaster University, do Canadá, mostraram que idosos que praticaram musculação por seis meses combateram o principal processo de envelhecimento, que é a deterioração das mitocôndrias. As mitocôndrias são organelas celulares responsáveis pela produção de energia. Demonstrou-se que o envelhecimento muscular pode ser revertido se a prática de atividade física for frequente.
Após os 30 anos, o corpo humano tende a perder 10% da massa muscular a cada década, e a única forma de evitar isso é fazer uso constante dos músculos. A prática de atividades físicas ao longo da vida, será decisiva para diminuir os efeitos desse acúmulo de perdas. É praticamente uma lei, o que não usamos acabamos perdendo. Se não exercitarmos nossos músculos e articulações, eles perderão suas propriedades.
Manter a mente funcionando é outro fator fundamental para a boa saúde. Pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, afirmam que ativar o cérebro interfere no DNA das células neuronais. Seguindo a mesma linha de raciocínio que nos músculos, se não usarmos nossa mente, ela também atrofiará.
É importante seguir estudando algo que sempre quis e não teve tempo ao longo da fase adulta, reinvestir em sonhos e desejos que ficaram esquecidos. É não deixar a mente envelhecer.
A depressão pode contribuir com o aumento das doenças, e a causa mais comum da depressão é a solidão, portanto deve-se procurar ter uma vida bem social. Tomar um chá da tarde com os amigos, assistir a sessão de cinema ou a uma peça teatral, rir frequentemente, praticar meditações, e claro, não se esquecer da sexualidade.
A alimentação tem grande influência no processo de envelhecimento ao longo de nossa vida. Comer moderadamente pode garantir uma velhice mais tranquila. Estudos realizados desde 2002 pelo National Institute on Aging, nos EUA, confirmam os efeitos dessa prática. Os pesquisadores concluíram que "comer menos" limita os danos provocados pelos temidos radicais livres, que são elementos nocivos produzidos a partir da conversão dos alimentos em energia. “Comer menos” não significa deixar de comer, mas sim ter uma alimentação bem nutritiva e evitar excessos, portanto, procure informar-se com seu nutricionista qual a melhor alimentação que se adapta ao seu condicionamento físico e à sua idade.

O processo de envelhecimento será de acordo com o que permitirmos. Não há nenhuma mágica, não há nenhum segredo, basta realmente cuidarmos daquilo que nos preocupa, a nossa saúde. Não é algo que devemos começar no futuro, mas sim hoje, e levarmos isso a cada dia em nossas vidas.